8 de julho de 2011

DOCE TERRA PROMETIDA

Se eu não pertencesse a este lugar,
Se eu não estivesse em lugar nenhum,
Minh' alma volitaria acima da vida,
Veria o espetáculo da fantasia,
Pairaria o céu, vestida de vermelho,
Despejando amor pelo mundo inteiro.
O castelo me chamaria,
Se eu houvesse residido,
Em sua majestosa torre,
Ele não precisaria de portões,
Ele estaria livre no campo,
Ao centro do orvalho das ilusões.
Aquela terra tão longínqua,
Brotaria em eras de paixão,
Eu me libertaria,
Eu resplandeceria,
Águia plaina no céu,
Inebriante a luz do dia.
Queria voltar à esta terra,
Beberia as horas da existência,
Desejaria ir a todos os lugares,
Minh'alma choraria,
Minh'alma cantaria,
Meu mundo sorriria.
Sempre e eternamente só,
Não consisto em mais de um,
Quero dançar... Na esfera,
Quero dançar... Sob o mar,
Quero dançar... Com o sol,
Quero dançar... Abaixo do luar.
Quando eu despertar,
Verei os grilhões a me cercar,
Sentirei o corpo todo cansado,
A mente irrequieta a trabalhar,
O árduo pranto dentro da prisão,
O coração sangrando de solidão.
O alívio deve estar no invisível,
No gelo que encobre as montanhas,
No lago de águas verdes ofuscantes,
No topo congelado das maravilhas,
Encontrar-lhe-ei deverás...
Doce terra prometida.


Bia Girotto -  Julho de 2011