4 de setembro de 2015

CORAÇÃO VERDE

Se você precisa consumir,
Eu preciso existir.
Enquanto você me mata e desmata, 
Eu tento salvar sua vida tão cara.

Dou ar para respirar,
Semente para plantar,
Água para tomar,
Fauna e flora para apreciar.

Por que quer tomar o meu lugar,
Se com a sua própria vida irá extirpar?

Alguns me chamam de pulmão do Brasil,
Mas eu sou a maior reserva que você já viu,
Por favor, abaixe e desligue sua motosserra,
Deixe-me pulsar, sou o coração verde da Terra.

( 5 de setembro - Dia da Amazônia)

Bia Girotto 




2 de setembro de 2015

O MISTÉRIO NAS RETICÊNCIAS

Não sei se retornarei de onde vim, se vim de onde não retornarei,
Cicatrizes surgem pela dor, ou talvez pela aceitação do amor, ...


Enxergo a realidade submergida em um castelo de ilusão,
Sanidade ou loucura, liberdade dentro da clausura, ...


Se o mal é só mais uma criação humana,
Cadê o inventor subversor, o príncipe transgressor? ...


Certezas não existem, nomes foram dados,
Errar é humano só em relatos, os que almejam a perfeição vivem de fatos, ...


O burro que desviou do caminho correto,
É condenado a não dar certo, ou talvez seja o oculto desejo do esperto, ...


Deus e o Diabo andam separados,
Quem os viu, ou os ouviu? Há mistério nas reticências, é preciso paciência, ...


Amanhã não sei se despertarei, ontem morri mais uma vez, hoje será ou não será, quem saberá? ...

Bia Girotto - Maio de 2015

SOLILÓQUIO DE UMA POETA GRÃO

Luz disperse as trevas, faz-me refrão,
Cardumes multicor, pedras do perdão,
Rodopiem com o vento, suave canção.
Quero me lambuzar com a esperança,
Flor de lótus arraigada na semelhança, 
Embale o meu espírito com segurança.
Masmorras ateístas, dor usurpadora,
Leve daqui suas chagas, devastadora,
Imploro-lhe seu alívio...Luz curadora!
Cure este grão que sofre por não encontrar o seu pão.

Bia Girotto – Maio de 2015

CONFISSÃO

Fluxo,
Refluxo,
Reflexo.
Léxico, vocábulo, palavra, não importa,
O que me importa é bater na sua porta,
Tocar a campainha da sua consciência,
Causar aquela sensação de existência.
Declamo o regresso, o choro.... Confesso,
Não sei se um dia alguém lerá esses versos,
Reclamo, o que eu espero?
Que a poesia viva e reviva,
Em rima, estrofe, imagem, canção,
Alimente nossa cultura faminta,
Reconstrua nossa identidade perdida.


Bia Girotto - Maio de 2015

DEIXA O SE E SÊ


Se sou sociável, as pessoas abusam. Se sou antissocial, as pessoas reclamam e julgam. Oh, céus! Diga-me como ser então! E uma estrela clemente me responde: - Sê quem és. Sê só mais um ponto na imensidão. Continua irradiando teu brilho que constituí o Todo e desconstituí o Nada. Um ponto que respira e aspira à elevação. Não apaga tua essência, não vistas tua própria sombra, pois ela só te acompanha por causa da luz que habita o teu coração.

Bia Girotto - Maio de 2015