19 de dezembro de 2015

MUTAÇÃO




Um dia se muda para amar,
Pois a vida tira do lugar,
Bem detrás dos sonhos, a frente das ilusões,
Relâmpago de fúria que avassala o coração,
Entorpece os sentidos mais aguçados,
Psicotropia em um sangue inflamado,
Borbulha em corpos suplantados.

Acordar das fantasias rebuscadas,
Levar uma vida curta e aclamada,
Morrer para a hipocrisia mascarada,
Extirpar da alma flácida e ferida,
As chagas maléficas da entropia,
Permite a fala calada, sufocada,
Linguagem distorcida em falácias.

Prevê-se um movimento alienado.
O que se sente jamais se esquece,
O absinto que percorre todo o corpo,
A cabeça que não cessa o latejar,
Pede-se a mão em completo frenesi,
Mil passos na direção da alma,
Mutação do caos em calma.

Implora-se o ardor constantemente;
Chega morosamente e permanece;
A persistência, a vontade de vencer,
São mais fortes do que o derrotismo;
São mais fortes do que a complacência;
Rendição já não é mais uma opção;
É tudo que se pode assumir, então.

Retira-se a lama de uma alma,
Limpa-se o envoltório pernicioso,
Busca -se aquele iluminado sentido;
Reconhece-se os atos de volúpia;
Traz consigo a constelação de amor,

Aquela paz que brota da imensidão,
Pulsa firme com seus pés no chão.




Bia Girotto - Agosto de 2014