13 de julho de 2016

FLORZINHA

Amo tanto como tanto amo...
Seu cheiro me faz suspirar,
Seu sorriso me faz sonhar,
Minha florzinha, minha canção de ninar.

Amo tanto como tanto amo...
Noites e dias sem rotina,
Acorda, dorme, reclama,
Mamãe te ama, pequena dama.

Amo tanto como tanto amo...
Sinto o bater do teu coração,
Meus braços te dão segurança,
Teu olhar tranquilo enquanto mama.

Amo tanto como tanto amo...
Tanto amo como amo tanto...

Fico ansiosa pelo teu sono,
Peço silêncio, apago a luz,
Mas com o passar das horas...
Sinto tanto tua falta, alegria traduz.

Bia Girotto - Julho de 2016


3 de junho de 2016

NASCEU MULHER



E ela nasceu, cresceu tão perto do abuso,
Sentiu a rejeição e passou anos de luto.

O desamor de um ser egoísta e covarde,
Escondido atrás de uma garrafa, arrotando coragem.

Algo tão familiar esse lance de violentar,
Os sonhos de uma mulher ele deve sabotar.

Pisar em seus sacrifícios, sangrar seus planos,
Espancando sua vida e trazendo pânico.

Ofereceu a ela tudo que não prestava,
Excedeu-se em todos os limites, só a usava.

Mas ela pediu, é mulher, a pior das farsas,
Nasceu para ser subjugada e viver sob ameaça.

Ele acha que ela é sua propriedade,
Um bem conquistado que deve lealdade.

Assim que ela reage vem o desespero,
Ele furioso a sufoca com um travesseiro.

Ela sobrevive ao ataque, segue o seu caminho,
Encontrou "outro ele" e pensou merecer um carinho.

Já no início tudo parecia ser estranho e confuso,
Ele a forçava, era um ogro, um estúpido.

Manipulou, violentou, machucou, invadiu sua alma,
Como se fosse merecido, castigada em trauma.

E mais uma vez ela sobreviveu...
O corpo todo ferido, o espírito esquartejado.

Um fruto da violência ela gerou,
Como sentir amor pelo terror de tanta dor?

No momento do parto não podia reclamar,
O médico não admitia, vamos, abra as pernas sem chorar. 

Agora é hora da sociedade que está a sua espera,
Julgamento e condenação, punição na atmosfera.

Alguns diziam que era merecido,outros, que ela havia procurado.
Nasceu mulher.... Seu único e grande pecado.


Bia Girotto - Junho de 2016

10 de maio de 2016

COLAPSO TORRENCIAL

Jogos, manipulação,
Estado sem população;
Desunião, tumulto,
Dois tiros no escuro.

Falar sem pensar,
Falar por falar;
Ventríloquos do cinismo,
Discórdia, oportunismo.

Querem te confundir,
Famintos por tua alma;
Vilipendio prazeroso,
Exploração, desgosto.

Simulacro de conceitos,
Preceitos de direitos;
Escárnio constituído,
Crimes conduzidos.

Recrutamento do pelotão,
Manejados pelas redes,
Caem como peixes,
No prato da humilhação.

Pseudodemocracia,
Veto da expressão,
Ódio disseminado,
Colapso de uma nação.






Bia Girotto - Outubro de 2014

25 de janeiro de 2016

MERGULHADO EM POESIA - POENTIGAS



Você não me serve,
Eu é que lhe sirvo.
Sinto -me, tentando escrever,
Só flui quando vem o amanhecer.

Quando lhe ouço ao pé d´ouvido,
Sussurrando, falando comigo,
Letras do coração, versejando
Trazendo suave inspiração.

Versos nascidos com rimas,
Talvez sim, talvez não,
Numa erupção do sentir,
A visita da desilusão.

Como um peixe vivo só vive,
Se for dentro d´água fria,
Um ser sensível só vive,
Se for mergulhado em poesia. 


Bia Girotto -  Janeiro de 2016


Intertextualidade utilizando Cantigas Populares
Cantiga de Roda " Peixe Vivo ".