4 de julho de 2011

OBSESSÃO



A mente em desassossego,
O coração palpita no peito,
A confusão domina as vontades,
A certeza de fazer o que maltrata,
O risco de perder as conquistas,
A insanidade não cumprida,
O medo dos erros conscientes,
A angústia do lento passar das horas,
A ansiedade de ver no que vai dar.

O intrépido gelo na alma,
A dor incansável no estômago,
Ansiando e repudiando o novo,
O inconformismo com o tédio,
A tendência autodestrutiva,
A autoestima fraca e dilacerada,
A revolta no lugar da aceitação;
A ilusão que persiste no devaneio,
A dor de chorar o tempo inteiro.

É a minha obsessão,
Loucura, transtorno, perturbação.
O que fazer para acolher esse lado tão obscuro,
Arrancar de dentro a sensação...
A de não querer existir num mundo cão?


Vou amando a vida,
Vou amando as pessoas,
Vou amando a natureza,
Vou amando o amor,
Vou amando a amizade,
Mas não amar o suficiente,
Para permanecer no mesmo lugar,
Para criar e fortalecer os vínculos,
Para ser sincera sem pestanejar.

Será que algum dia saberei demostrar,
Tudo o que sou, tudo o que sei evitar?
Dolorosamente sinto o peso das mentiras,
Dolorosamente sinto o peso da tirania,
Mesmo tendo pessoas luz ao meu lado,
Ainda não descobri se isso é o suficiente,
Se sigo ou não em frente, confiantemente,
Ou paro para avaliar minha lucidez,
De vez em vez em busca da fluidez.

É a minha obsessão,
Loucura, transtorno, perturbação.
O que fazer para acolher esse lado tão obscuro,
Arrancar de dentro a sensação...
A de não querer existir num mundo cão?


Sonhos, sonhos, sonhos,
Sonhando um sonho a sonhar,
Se eu pudesse não mais sonhar,
Sonhos, sonhos que não sustentam,
Sonhar, sonhar sem nunca descansar,
Sonhar, realizar, realizar, sonhar,
O alicerce da realidade condicionada,
O sonho de uma trilha enxovalhada,
Ou o sonho de uma ilusão acabada?



                                                        Bia Girotto -  Julho de 2011.